A esperança esmorecia. Trinta mil almas outrora furiosas faziam já menção de abandonar o Inonu, palco de uma contenda equilibrada entre Besiktas e FC Porto, quando, em cinco meros toques, os Bi-Campeões portugueses expiraram um último fôlego para derrubar à traição um adversário que se havia já conformado com o nulo. Quaresma, herói de muitas batalhas, viu-se abençoado pela fortuna, guiando os Dragões à inestimável recompensa devida àqueles que, visitando o inferno, sobrevivem para contar a história.
A toada das últimas partidas persistiu na noite amena da cosmopolita capital turca, teimando a turma de Jesualdo Ferreira numa abordagem segura e calculista, desta feita sublinhada por cuidados redobrados face a um oponente que faz do factor casa o seu maior aliado. O figurino menteve-se, esquematizando-se o FC Porto em 4-3-3, onde foi evidente a diminuição física de Fucile, regressado de paragem, e Tarik, ainda a cumprir o Ramadão.
Talvez intimidados pela temível atmosfera nas bancadas, os Portistas entraram vacilantes, numa postura que não se dissipou até ao intervalo. Ainda que controlando o jogo, os visitantes concediam inesperadas facilidades nos lances de bola parada, obrigado o guardião Hélton a exibir-se ao mais alto nível a fim de manter as suas redes invioláveis. Do outro lado, era Meireles quem ameaçava com relativo perigo por intermédio de remates de longa distância, carrilando-se todo o jogo ofensivo pelo flanco esquerdo, onde, sozinho, Quaresma lutava contra vários adversários, desapoiado por Fucile e carecendo de soluções de passe face à inércia de Tarik e à desinspiração de Lisandro e Bosingwa. Era um Porto de contra-ataque, à procura de castigar ao máximo os erros do Besiktas tal como sucedera em Moscovo e Hamburgo na campanha anterior da Champions.
O interregno alterou o curso dos acontecimentos. Mesmo sem recorrer a substituições, Jesualdo foi capaz de conferir aos Dragões um pouco mais de acutilância, espraiando definitivamente a contra-ofensiva mediante transições rápidas e venenosas que Meireles, Quaresma e Adriano foram sucessivamente desperdiçando.
Foi já ao cair do pano, depois de novo ameaço turco a que Hélton superiormente correspondeu, que, numa jogada em que o coração pesou tanto como a cabeça, Ricardo Quaresma aproveitou um remate falhado de Lucho Gonzaléz - nova exibição pouco exuberante, ainda que influente, do capitão - para oferecer os primeiros três pontos aos azuis-e-brancos na edição 2007/08 da Liga dos Campeões.
O FC Porto ocupa agora a segunda posição do seu grupo, com dois pontos de atraso para o Marselha e três de avanço sobre o Liverpool. Esta vitória constituiu a terceira consecutiva dos Bi-Campeões fora de portas no âmbito da fase de grupos da Liga Milionária bem como a oitava partida consecutiva sem conceder golos aos seus oponentes.
Onde quer que ele esteja, esta vitória é dedicada a Frederico Barrigana, lendário guarda-redes do Futebol Clube do Porto, falecido há poucos dias. A sua memória pesou certamente na mente de todos os Portistas. Que descanse em paz.
A toada das últimas partidas persistiu na noite amena da cosmopolita capital turca, teimando a turma de Jesualdo Ferreira numa abordagem segura e calculista, desta feita sublinhada por cuidados redobrados face a um oponente que faz do factor casa o seu maior aliado. O figurino menteve-se, esquematizando-se o FC Porto em 4-3-3, onde foi evidente a diminuição física de Fucile, regressado de paragem, e Tarik, ainda a cumprir o Ramadão.
Talvez intimidados pela temível atmosfera nas bancadas, os Portistas entraram vacilantes, numa postura que não se dissipou até ao intervalo. Ainda que controlando o jogo, os visitantes concediam inesperadas facilidades nos lances de bola parada, obrigado o guardião Hélton a exibir-se ao mais alto nível a fim de manter as suas redes invioláveis. Do outro lado, era Meireles quem ameaçava com relativo perigo por intermédio de remates de longa distância, carrilando-se todo o jogo ofensivo pelo flanco esquerdo, onde, sozinho, Quaresma lutava contra vários adversários, desapoiado por Fucile e carecendo de soluções de passe face à inércia de Tarik e à desinspiração de Lisandro e Bosingwa. Era um Porto de contra-ataque, à procura de castigar ao máximo os erros do Besiktas tal como sucedera em Moscovo e Hamburgo na campanha anterior da Champions.
O interregno alterou o curso dos acontecimentos. Mesmo sem recorrer a substituições, Jesualdo foi capaz de conferir aos Dragões um pouco mais de acutilância, espraiando definitivamente a contra-ofensiva mediante transições rápidas e venenosas que Meireles, Quaresma e Adriano foram sucessivamente desperdiçando.
Foi já ao cair do pano, depois de novo ameaço turco a que Hélton superiormente correspondeu, que, numa jogada em que o coração pesou tanto como a cabeça, Ricardo Quaresma aproveitou um remate falhado de Lucho Gonzaléz - nova exibição pouco exuberante, ainda que influente, do capitão - para oferecer os primeiros três pontos aos azuis-e-brancos na edição 2007/08 da Liga dos Campeões.
O FC Porto ocupa agora a segunda posição do seu grupo, com dois pontos de atraso para o Marselha e três de avanço sobre o Liverpool. Esta vitória constituiu a terceira consecutiva dos Bi-Campeões fora de portas no âmbito da fase de grupos da Liga Milionária bem como a oitava partida consecutiva sem conceder golos aos seus oponentes.
Onde quer que ele esteja, esta vitória é dedicada a Frederico Barrigana, lendário guarda-redes do Futebol Clube do Porto, falecido há poucos dias. A sua memória pesou certamente na mente de todos os Portistas. Que descanse em paz.
2 comentários:
O texto está fantástico, muito bem estruturado - adorei.
Quanto ao jogo: Estes três pontos valem mais do que isso, visto que será um campo muito complicado para os nossos dois principais adversários.
Gostei do jogo do Fucile e do Hélton, o primeiro, muito esforçado e ganhou muitos desarme e o brasileiro com excelentes defesas. Já do desenrolar do ataque (discordo contigo), acho que o Quaresma foi um dos cumplicies ao segurar demasiado a bola.
Mais dois pontos finais: acho que o meio-campo necessita de uma mexida, anda muito estático no ataque (ora deixando os avançados sozinhos, ora não dando opções para os inícios das jogadas) detestei o jogo do Assunção e do Lucho (muitas das vezes defendido por mim, visto ter uma capacidade que o torna num jogador excepcional, que é a de jogar de cabeça levantada, mas neste encontro foi incapaz de pensar) urge a necessidade de Bollatti e Leandro Lima jogarem mais - é certo que Lucho pode ter feito este jogo em más condições físicas. O outro ponto, vai para o Jesualdo, são um poucos estranhas a substituições (é capaz de ter lido o jogo melhor do que eu), mas não se percebe com o Porto em ascendente resolver tirar o Tarik e pôr o Cech e com dois avançado, escolher tirar Lisandro e pôr Adriano (que é um jogador "mais central"). Acertou, como parece ter acertado ao não tirar Lucho.
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