segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Regresso às vitórias perante um leão adormecido

FC Porto vence (2-1) os rivais do Sporting, num jogo em que a equipa de Lisboa se revelou desnorteada e inconsequente. Vitória do FC Porto perante um adversário que nos últimos sete confrontos apenas tinha vencido uma vez, e que deixa o clube provisoriamente na liderança da tabela.

Após o desaire de terça-feira em Londres, era importante ao FC Porto dar a volta por cima neste encontro. E isso ficou provado desde início, com uma entrada em jogo calma e segura.

Sem exercer um domínio absoluto, o FC Porto viria a marcar o primeiro golo numa jogada que foi um misto de garra de Tomás Costa e ingenuidade de Grimi. Lisandro apenas teve de finalizar, fazendo-o sem pestanejar e marcando assim o primeiro golo na liga.

Nesta fase do jogo, o Sporting pouco ou nada fazia para inverter o resultado. Surgiu, então, quase ‘do céu’, a grande penalidade. Tomás Costa, que tão bem havia estado no lance do golo portista, comete a infantilidade de colocar as mãos em João Moutinho, que inteligentemente se deixa cair. Um lance duvidoso, mas cuja decisão do árbitro se aceita perfeitamente.

O próprio João Moutinho viria a finalizar com sucesso o castigo máximo, mas foi sol de pouca dura para o Sporting. Numa falta bem cavada por Lisandro, Bruno Alves marca um golo de belo efeito, perante um Rui Patrício apático que mais não conseguiu fazer do que seguir a bola com o olhar.

Seria com este resultado que o jogo chegaria ao intervalo, não sem que antes Nuno fizesse uma excelente defesa em resposta a um cabeceamento de Derlei.


No reatar do jogo duas chances para o FC Porto decidir o jogo. Primeiro, em novo livre de Bruno Alves, que cobrando em força, leva a bola a embater com estrondo na barra. Merecia melhor sorte. Depois, num contra-ataque muito bem executado, Cristian Rodriguez faz a bola passar a centímetros do poste esquerdo, com um remate de primeira.

Surgiria então a melhor fase do Sporting no jogo. Paulo Bento, na tentativa de chegar ao empate, coloca em jogo Romagnoli e Liedson. O futebol do Sporting passa então por cruzamentos para a área portista, sobretudo por Miguel Veloso. É nesta fase que se destaca a capacidade da nossa defesa no jogo aéreo. Poucos lances terão escapado aos centrais, protegidos ainda assim por um Nuno muito seguro, eficaz em todos os lances.

Na parte final do jogo a intensidade acabaria por baixar naturalmente, quer devido ao cansaço dos jogadores, quer devido a algum anti-jogo existente por parte dos jogadores do FC Porto.

No fim, um só resultado. A vitória. E mais que uma vitória, um quebrar de um ‘enguiço’ que eram estes confrontos entre o FC Porto de Jesualdo e o Sporting de Paulo Bento, que tantos dissabores nos trouxeram recentemente. O FC Porto é líder provisório, ganha confiança e Jesualdo alivia alguma da pressão após a humilhação de Londres. Muitos, durante estes dias, previram o final do FC Porto que existira nos últimos anos. Muitos pediram a cabeça de Jesualdo Ferreira, muitos o culparam por todos e mais algum problemas existentes no clube. São os mesmos que hoje, e esta semana, sorrirão, pois o seu clube terá renascido das cinzas, para lhes dar mais uma grande alegria.

Exibições individuais em destaque:

Nuno: Sublime. Irrepreensível. Teve a coragem de lutar directamente com os avançados do Sporting por duas vezes, em ambas arriscando o penalty mas em ambas bem sucedido. Teve boas defesas e foi seguro nos lances aéreos. Parece óbvio que o FC Porto se pode orgulhar de ter dois bons guarda-redes. Um aspecto os distinguirá: um claudica nos jogos importantes, o outro
vale pontos nesses mesmos jogos.

Bruno Alves: 100% eficaz a defender, apesar de raçudo praticamente não fez faltas e não foi violento. Mortífero a atacar, revelando-se um cobrador de livres a ter em conta no futuro.

Fernando: Mais uma enorme exibição deste jovem jogador. Será certamente o trinco do FC Porto para esta temporada e para o futuro. Nota-se que está a ser modelado pelo professor. Djaló poderia ter sido um problema, devido à sua velocidade e à sua mobilidade, que poderiam levar Fernando a perder o seu sentido posicional, desguarnecendo o espaço na entrada da área, mas mais uma vez este jogador revelou-se à altura das exigências e capaz de vir a ser uma peça importante da equipa.

Lucho: ‘El Comandante’ surgia neste jogo envolto em nevoeiro. Não tinha sido convocado para ojogo com o Paços, em Londres havia deixado uma ténue luz do seu futebol, permitindo assim que se levantassem muitas questões acerca do seu estado físico e psicológico. Neste jogo deu para perceber a sua importância no futebol da equipa. Mesmo não estando a 100% fisicamente, a sua eficácia no passe esteve perto dos 100%.

Lisandro: Foi o primeiro golo do melhor marcador da temporada transacta. No entanto, não comemorou esse mesmo golo. Se algo vai mal na cabeça de Lisandro, não sei, mas uma coisa é certa, mostrou durante os 90 minutos que a garra e a alegria de jogar nunca ninguém lhe as tirará.

Hulk: Voltou a entrar no decorrer da segunda parte, partindo para uma das suas melhores exibições no clube. Sendo verdade que não marcou nenhum golo, a sua capacidade de guardar a bola e escondê-la do adversário, deu muito jeito à equipa, ganhando e cantos e permitindo à equipa respirar.


A arbitragem:

A roçar a mediania. O penalty, apesar de discutível, é bem assinalado. Pecou Lucílio sobretudo pelas expulsões perdoadas a Abel e Tomás Costa e por um amarelo mostrado a Sapunaru quando este foi vítima de falta por parte de Derlei. Assumiu, no entanto, um critério disciplinar no início do jogo, que conseguiu manter durante todo o jogo.