quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Resolver para mais tarde controlar


Oitavo jogo na presente edição do presente campeonato, correspondeu, conforme era esperado, à oitava vitória consecutiva por parte do FC Porto, que continua na liderança isolada e confortável. Sétimo jogo consecutivo sem sofrer golos e a nossa defesa é, em conjunto com o AEK de Atenas, a menos batida da Europa. No regresso do Leixões ao Estádio do Dragão, após a realização na pré-temporada, do Jogo dos Campeões, assistiu-se a uma partida em alguns momentos muito bem jogada por parte do FC Porto, mas sobretudo a uma tendência apresentada na época 2003/04, de tão boa memória para o lado portista, onde se resolvia os jogos cedo e controlava-se as partidas até ao final.


Tinha escrito, na minha anterior crónica, que a esta equipa comandada por Jesualdo Ferreira,
Faltava Raça, Faltava Querer. Pois bem, pelo que nos tem sido apresentado nos últimos jogos, felizmente, esta tendência tem vindo a se esbater. Começa a se denotar um maior esforço e entrega por parte dos jogadores, que não corresponde ainda a um nível altíssimo a nível de qualidade de jogo. Mas, penso, para lá se caminha.

Houve alguns bons momentos de futabol apresentados pela equipa portista. Prncipalmente nos primeiros 20 minutos de jogo. Mas o que merece especial destaque, é aos 10 minutos de jogo, já o FC Porto dispôr de uma vantagem no marcador de 2 golos, fruto da veia goleadora de Lisandro e de um grande trabalho colectivo da equipa, culminado com uma grande iniciativa individual de Tarik. Dou um relevo maior a estes primeiros 20 minutos, em relação ao restante jogo, porque foi, quanto a mim, o melhor momento do FC Porto nesta partida. Foi uma entrada a todo o gás, na estreia de Bolatti, que msotrou alguns bons pormenores, principalmente no capítulo do passe, a titular, nas partidas do campeonato.
No resto da primeira parte, o FC Porto continuou a mostrar um boa postura, a mostrar vontade em marcar mais golos e com um controlo absoluto do jogo. Mas já sem o ritmo dos primeiros 20 minutos.

Chegando a segunda parte, o ritmo do jogo baixou imenso, devido ao abrandamento nas transições ofensivas por parte do FC Porto. Importava gerir um jogo praticamente ganho, visto que o mais difícil estava conseguido e sem esquecer que haverá novo jogo já na sexta-feira contra o Belenenses. Dado este acontecimento, assisitu-se a uma melhoria na qualidade apresentada pelo futebol leixonenese, mas claramente a dar a ideia que seria mais consentido do que por mérito da equipa vinda de Matosinhos. Mas apesar desta melhoria, contra o FC Porto não basta esboçar a defesa, há que a materializar. Não o fizeram, fê-lo o FC Porto. Mais um golo de Lisandro a dar o 3-o final e então o jogo voltou, novamente, a ser de sentido único, com o FC Porto a mostrar que mais um golo era bem-vindo, mas verdade seja dita, sem se esforçar demasiado para isso. Também não era necessário, o jogo estava ganho, a vantagem no campeonato é confortável e mais batalhas se seguirão.

O árbrito teve alguns erros. Ao contrário do que os nosso tradicionais adversários querem tentar tornar verdade, foram erros para os dois lados. Se, por um lado, o primeiro golo de Lisandro é precedido de um lance em que ele domina a bola com a mão - cujo observação do facto requere inúeras repetições do lance e num ângulo não condizente com a posição do árbrito do encontro - por outro, ficou por assinalar uma grande penalidade sobre Quaresma. Curiosamente, este lance não é tão referido como o do Lisandro. As habituais coerências, que estamos por demais habituados, mas que nos tornam ainda mais fortes.

Lesão de Bosingwa a acompanhar nos próximos dias, embora não pareça nada de grave. De realçar a atitude do jogador e do departamento médico em não arriscar a continuidade do jogador em campo. Veio há pouco de uma lesão e todos são necessários para os jogos que se avizinham.

Também gostaria de deixar vincada a minha estranheza e desgosto por este jogo ser realizado a uma segunda-feira, sem o minímo respeito pelos adeptos. Principalmente com aqueles que compraram lugar anual no início de época. De certeza que estavam à espera de ir ao Dragão ao fim-de-semana e não após um dia de trabaho. Algo a rever.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Pontapé de Lucho contra o desperdício

Terceiro jogo do FC Porto na edição 2007/08 da UEFA Champions League, desta feita em França contra o líder do Grupo A, o Olympique Marselha. Um jogo em que faltou ao Porto a sorte que teve em Istambul, contra o Besiktas. Os melhores 30 minutos da época não deram em golo, por capricho do poste e do guarda-redes do Marselha, e o resultado acaba por saber a pouco.


Duas semanas e meia depois do seu último jogo, o FC Porto voltou aos relvados com um figurino bastante semelhante ao apresentado em Coimbra, frente à Académica. A única alteração foi a entrada do argentino Mariano Gonzalez para o lugar de Tarik Sektioui que por acaso, já não se encontra a cumprir o Ramadão. E os azuis-e-brancos entraram com tudo no jogo do Vélodrome. Em 20 minutos fizeram 6 remates, sendo que dois deles (por parte de Raúl Meireles) bateram no poste esquerdo da baliza de Mandanda. Foram os melhores trinta minutos do FC Porto na presente época. Nos derradeiros 15 minutos do primeiro tempo, o FC Porto recuou e o Marselha tentou chegar à baliza de Hélton mas nunca o conseguiu fazer com perigo.

Ao intervalo, Jesualdo Ferreira tirou um desinspirado Mariano González, que continua a não convencer, para fazer entrar Hélder Postiga. E a verdade é que o Porto voltou a entrar muito bem. Aos 46 minutos, Lisandro López com um grande cabeceamento obrigou Mandanda a mais uma excelente estirada e 4 minutos mais tarde, Hélder Postiga surgiu isolado na cara do guarda-redes do Marselha mas rematou ao lado. Mais duas grandes oportunidades, desperdiçadas pelos "alunos" do professor Jesualdo Ferreira. Alunos esses que deixaram de prestar atenção à "matéria" e que permitiram à equipa de Eric Gerets um crescimento no jogo que se traduziu em situações de perigo. E tanto cresceram que aos 69 minutos, Niang colocou os da casa em vantagem no marcador. Passe de Cissé que Niang emenda de forma subtil para o primeiro da noite. O Porto tinha razões para entrar em depressão mas recorreu ao mesmo "comprimido" de Istambul, Leandro Lima que trouxe alguma frescura e criatividade ao meio-campo portista. E aos 77 minutos, depois de Niang ter feito nova entrada a "pedir" cartão vermelho, Lisandro López foi travado em falta por Mandanda após passe genial de Lucho González. E foi o mesmo Lucho Gonzélez a transformar a grande penalidade em golo. Segundo golo de El Comandante na Champions League. Até ao fim do jogo, pouco mais há a destacar. O jogo acabou com um empate que sabe a pouco a um FC Porto que poderia ter dado um passo de gigante rumo aos oitavos-de-final, em virtude da derrota do Liverpool na Turquia.

Os azuis-e-brancos têm 5 pontos, menos dois que o Marselha, o primeiro classificado do Grupo A. Atrás estão Besiktas (3 pontos) e Liverpool (1 ponto). No dia 6 de Novembro, o FC Porto recebe o Olympique Marselha no Estádio do Dragão enquanto que o Liverpool tentará dar um pontapé na crise europeia ao receber o Besiktas em Anfield Road.

MVP:

Lucho González -> Que saudades que os adeptos tinham deste Lucho. Tem vindo a melhorar a cada jogo que passa e já consegue ser o Lucho de 2005/06 e dos primeiros meses de 2006/07. Pautou o jogo portista a meio-campo com recuperações, passes (alguns deles a deixar os companheiros em excelente posição) e culminou uma excelente exibição com um golo importantíssimo para a sua equipa. O terceiro na presente temporada, terceiro de grande penalidade. Que bom que é para o Porto ter toda a classe do Capitão ao seu dispor...

domingo, 14 de outubro de 2007

Marselha em análise

O próximo adversário do Futebol Clube do Porto para a Champions será a mediterrânica equipa de Marselha. Pelo seu historial e pelos nomes que apresenta a cada época é sempre uma equipa temível, a vitória europeia de 93 e os jogadores Andreas Köpke, Angloma, Didier Deschamps, Jean Tigana, Jean-Pierre Papin, Rudi Völler, Christophe Dugarry e Didier Drogba não estão tão longe da memória do adepto do futebol para serem esquecidos, mas os últimos anos e o início da actual temporada desportiva colocam sempre algumas dúvidas quanto ao valor colectivo da equipa e da sua capacidade de jogar no Vélodrome. O seu mau começo já provocou uma vítima - Albert Emon, que foi substituido por Eric Gerets no cargo de treinador principal e cria na equipa um novo espaço para a entrada de uma nova filosofia mais agressiva e, possivelmente, mais rigorosa e reaviva um "mito" numa cidade que nunca esqueceu outro belga - Raymond Goethals.A equipa do sul de França, neste verão, foi uma das protagonistas do mercado internacional ao conseguir vender Ribery por 26 milhões de euros, o que lhe permitiu manter a base do plantel e reforçar outros sectores da equipa - como, a compra definitiva do passe de Cissé e a aquisição de Zenden, os dois ao Liverpool.

Se nesta fase é uma incógnita sabermos como o Marselha vai jogar contra o Porto no dia 24 de Outubro também o será daqui a uma semana, tal é o pouco tempo de Gerets no Marselha (simplesmente dois jogos) e nesse período usou duas estruturas; se vai jogar num 4-5-1 ou num 4-4-2, só minutos antes do jogo saberemos. Por esse motivo o destaque irá recair na capacidade individual de alguns jogadores e em processos característicos da equipa.

Os processos atacantes laterais do Marselha contarão com a presença dos defesas Bonnart (ou Zubar) e Taiwo. A capacidade ofensiva destes jogadores dará grande profundidade ao Marselha, mas permitirá grandes espaços aos extremos do Porto tal é a dificuldade de desdobramento da equipa, o nigeriano (Taiwo) é o elemento mais perigoso desta zona, pela esquerda conseguirá chegar rapidamente ao ataque e os seus cruzamentos que provocarão maior vigilância à defesa portista, já a sua enorme aptidão ofensiva não será correspondida defensivamente dando sempre enormes espaços aos jogadores contrários. Para estes problemas, a equipa francesa reforçou a sua defesa com Givet e Faty, este último é um central jovem com grande capacidade no futebol aéreo, mas com problemas em velocidade. Neste sector o Porto contará, caso os mediterrânicos estejam num dia normal, com muitas ofertas e será importante a concentração em cada lance. Já os outros dois sectores, meio-campo e ataque, são os mais fortes da equipa - com Cana e o jovem génio francês Nasri a zona central ganha uma capacidade de passe difícil de bater, o albanês será o equilíbrio da equipa, muitas vezes demasiado preso ao jogo defensivo do que à criatividade ofensiva, mas quando se consegue soltar é de contar com um passe a isolar um dos avançados. Nasri, considerado por muitos o futuro Zidane, é um jogador de 20 anos capaz de trazer a bola consigo até ao ataque e de desequilibrar perto dos laterais adversários, deambulando de um lado para o outro, na forma como lê a partida e usa da sua velocidade será um pouco diferente da antiga estrela do futebol francês, mas ao 20 anos conseguiu o estatuto de principal estrela do Marselha, mesmo contando com Cissé. O sector mais atacante da equipa conta geralmente com Niang e Cissé, a sua capacidade de aproveitar os espaços e as costas das defesas torna-os temíveis do primeiro ao último minuto e qualquer partida controlada pelo adversário pode transforma-se numa vitória marselhesa em 5 segundos (dando sentido ao lema marselhês: «Droit au but»)

Post publicado também em: Sistema Esférico

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Eficácia deprimente

7 jogos, 7 vitórias, 7 pontos de avanço. Este início de campeonato tem sido deprimente, não porque o sucesso do FC Porto em si seja deprimente (pelo contrário...), mas porque a forma pouco convincente com que o clube vai vencendo todos os jogos é aparentemente suficiente para dominar a liga. Sem que haja qualquer tipo de emoção ou competição.



E foi mais um jogo deste género que se desenrolou esta noite em Coimbra. O FC Porto apresentou em campo o mesmo 11 que tem servido de base durante as últimas semanas: Hélton; Fucile, Bruno Alves, Stepanov e Bosingwa (Cech 33'); Paulo Assunção, Raúl Meireles e Lucho González; Quaresma (Adriano 78'), Tarik Sektioui (Leandro Lima 53') e Lisandro López. A Académica alinhou com Pedro Roma; Kaká, Orlando, Litos e Pedro Costa; Miguel Pedro (Vouho 84'), Pavlovic (Tiero 72'), N’Doye e Lito; Ivanildo (Hélder Barbosa 30') e Joeano.

A primeira parte começou com algum ascendente do FC Porto. Ricardo Quaresma era o homem em maior destaque (que surpreendente...), desequilibrando pelo flanco esquerdo mas raramente criando reais chances de perigo. A Académica tinha menos posse de bola, ocasionalmente também chegando lá à frente, mas sendo ainda mais inofensiva. Foi neste período talvez que Hélton teve mais trabalho durante todo o jogo – foi obrigado a desviar com os olhos dois remates mal direccionados.

À passagem do minuto 20, finalmente um safanão no jogo. Lisandro Lopez ganha na raça uma bola de cabeça, Quaresma leva também em esforço a bola à linha, atrai Pedro Roma para fora da baliza, e cruza rasteiro para Tarik Sektioui. Cara a cara com as redes desertas, o marroquino consegue uma proeza incrível: meter o calcanhar a bola, dando-lhe uma trajectória perpendicular à que deveria levar a bola à baliza. Pode-se já afirmar com toda a certeza que foi o falhanço do campeonato.

Não demorou muito o golo. 5 minutos depois, N’Doye carregou Quaresma na área com algum aparato, e gerou-se ainda mais aparato com os protestos dos jogadores da Académica. O fiscal-de-linha tinha dado erradamente o sinal de que a falta seria fora da área, e quando os jogadores da equipa da casa perceberam que o árbitro iria dar penalty, gerou-se a confusão. Pedro Roma encarregou-se de acalmar os colegas, e permaneceu impávido e sereno a meio da baliza enquanto Lucho González colocou a bola junto a um dos postes, na marcação do penalty. 1-0. Daí até ao intervalo, apenas houve a registar as lesões de Bosingwa e Ivanildo (jogador emprestado pelo FC Porto à Académica, que seria substituído por outro jogador na mesma situação, Hélder Barbosa), e mais dois lances de perigo – primeiro Hélton foi mesmo obrigado a intervir, antecipando-se com os pés a uma jogada perigosa do ataque da Académica, depois Tarik e Quaresma combinaram bem, desta vez sendo o marroquino a cruzar para Quaresma cabecear à figura de Pedro Roma.

Logo após o intervalo, ocorreu a única jogada que fez com que valesse a pena ver este jogo (ok, ok, o falhanço de Tarik também foi memorável): Cech, Quaresma, Lisandro e Lucho combinaram muito bem numa grande jogada colectiva, o médio argentino ficou frente-a-frente com o guarda-redes, mas permitiu a defesa. A partir daí, tivemos um jogo completamente desinteressante. O FC Porto foi experimentando novas opções tácticas, nomeadamente um 4-4-2 com Lisandro e Quaresma, e depois com Lisandro e Adriano – mas apesar de dominar a posse de bola, nunca mais incomodou Pedro Roma nem mostrou intenção de o fazer. A Académica ocasionalmente tentava jogar futebol, através das arrancadas de Hélder Barbosa (deixou a impressão que precisa ainda de crescer um pouco, mas sem dúvida no futuro irá ser um jogador muito útil ao FC Porto), e duma série de pontapés acrobáticos de Joeano.

No final, 1-0, vitória natural, sem grande esforço. O campeonato está muito, muito longe de estar decidido, mas assusta a forma como um FC Porto tão medíocre (apesar da sensação que a mediocridade neste jogo resultou da gestão de esforços) vai liderando o campeonato com 7 pontos de avanço sobre Sporting e Marítimo, e com o triplo dos pontos do 7º classificado. É principalmente culpa dos nossos adversários que têm estado francamente mal, mas a liga não está a sair particularmente prestigiada nesta edição. E até por outras razões que não são para aqui chamadas (arbitragens...).

Análise individual:

Hélton – saíu-se bem na única vez que teve de cortar um lance de ataque. Nunca teve que fazer uma defesa digna desse nome.

Bosingwa – pareceu estar mal desde o início, raramente interviu no jogo e saíu lesionado à meia-hora. Esperemos que não seja nada de grave, tem sido um jogador muito importante desde a última época.

Bruno Alves – o melhor da defesa, cortou muitas bolas pelo ar e pelo chão, principalmente na primeira parte.

Stepanov - não tão exuberante quanto o seu companheiro no centro da defesa, mesmo assim esteve bem. Viu um amarelo estúpido por protestos.

Fucile – foi hoje o pior do FC Porto. Fez uma série de passes muito maus para fora do campo, e teve grandes dificuldades em parar Hélder Barbosa.

Paulo Assunção – bom jogo. Cortou vários contra-ataques de forma bastante subtil, sendo útil à equipa e conseguindo evitar o cartão amarelo.

Raul Meireles – mostrou ter visão de jogo, ao se envolver frequentemente em tabelinhas e passes para a desmarcação de colegas. Nem sempre conseguiu executá-los da melhor forma.

Lucho González – jogo esforçado. Recuperava bolas que depois as perdia, e que depois as recuperava de novo - estava sempre em posição de se envolver na trapalhada do meio-campo. Marcou muito bem o penalty que deu a vitória, mas falhou uma grande oportunidade de bola corrida na marca de grande penalidade.

Quaresma – foi o típico Quaresma deste início de época, não fez muitos pormenores bonitos mas de vez em quando desequilibrava, os lances de ataque passavam quase sempre por ele, e foi ele que sofreu a falta que deu o penalty.

Tarik Sektioui – se esquecermos o falhanço, pode-se dizer que fez um jogo razoável, por um lado raramente dando a melhor execução técnica aos lances, por outro lado jogando sempre de forma objectiva e simples. Mas não dá para esquecer.

Lisandro – está-se a tornar um pouco repetitivo elogiar a atitude de empenho que ele mostra em campo, mas mais uma vez ele mostrou isso mesmo. Para ser uma grande exibição, só faltou o golo que ultimamente não lhe tem faltado.

Cech – esteve bem, principalmente em acções defensivas. Não brilhou, mas gostei do jogo que o eslovaco fez.

Leandro Lima – já vi melhores jogos do Leandro. Voltou a demonstrar a sua qualidade técnica, mas a insistência dos adversários em jogar duro sobre ele dificultou-lhe a vida.

Adriano – num lance ia conseguindo uma brilhante assistência de calcanhar para Leandro Lima. Noutro lance deitou um ataque perigoso a perder, com um domínio de bola muito mau. E foi tudo o que deu para ver do Adriano.

domingo, 7 de outubro de 2007

Estabilidade

Assim como há um "E" em Equipa há igualmente outro em Estabilidade.
A expressão "Em equipa vencedora não se mexe" nunca foi tão bem empregue como neste FCPorto do Professor Jesualdo Ferreira.


O mesmo Jesualdo que Mourinho e alguns portistas já apelidaram de "medroso", o mesmo Jesualdo que a época passada deu literalmente "um banho táctico" num estádio onde se canta "Jose Mourinhoo ... Jose Mourinhoo ...", o mesmo Jesualdo que a época passada, dias depois de completar 61 primaveras, se encontrava sentado numa sala cheia de jornalistas que massacravam as suas rugas com perguntas dignas do Codigo Da Vinci "Qual é o segredo, Professor?!", o mesmo Professor que respondia com um sorriso de orelha a orelha e uma lágrima ao canto do olho "O Segredo está na Estabilidade da Equipa.".
Pois é ... O Professor é tão "mouro" que até chora com as vitórias do Porto.
Sim ... este post é dirigido para todos os portugueses que são apologistas da doutrina extremamente portuguesa que diz "Uma vez por ano no treinador mexer ... dá saúde e faz crescer!".
Mas este post vale o que vale ... vale a minha opinião (e não dêm muita importancia às minhas opiniões ... eu sou o gajo que na manhã do dia em que o Izmailov marcou 2 golos tinha dito no epítoto da sua basófia que "Aposto que o único golo que o Izmailov vai marcar esta época é aquele patarrão na final da Taça ...") ... ah! e parece que uns clubezecos de nome Arsenal e ManUtd também não concordam lá muito com essa teoria do despedir treinadores só porque já se começam a ver os pêlos do nariz ...

Mas deixemos os pêlos do nariz do Jesualdo para serem discutidos em blogs menos sérios (sim Meirinho ... estou a fazer um pedido de desculpa extremamente mal dissimulado por só agora ter postado neste sério blog) ... Como estava a dizer ... vamos lá falar de outras coisas que o Professor mostra em campo.
Mostra Tarik durante 45 mins. Porquê?! Porquê?! Usam vocês uma expressão interrogativa bastante simples para igualmente dissimularem um "O *+-/.#$%"@ do Marroquino tá no Ramadão pá!" ... e o Jesualdo sorri e responde "Acabei de usar um Avançado rotinado e estável para cansar os defesas adversários durante 45 mins ... agora vai ser mais dificil para eles correrem atrás do Lima.".
Parece uma teoria absurda ... e provavelmente até é ... mas qualquer que seja a razão pela qual Jesualdo aposta no esfaimado por comida Tarik e não no esfaimado por bola Lima ... nesses 45 mins o Porto parece (desculpem ... é!) aquela equipa adulta que desde a entrada no novo milénio atingiu o estatuto de "Tubarão". E com esse mesmo estatuto vem a caça ... A motivação de um velhote em pescar um peixe gato ou um tubarão é completamente diferente ... O FCPorto é o actual bi-campeão nacional ... não precisa de arriscar e fazer experiencias no plantel ... não é o FCPorto que tem de se habituar a jogadores como o Leandro Lima ou o Mariano Gonzalez, mas sim eles que se têm que habituar ao jogo do bi-campeão nacional.

Peço desculpa porque disse "vamos lá falar de outras coisas que o Professor mostra em campo" e na realidade só falei duma ... e mesmo o exemplo que escolhi para caracterizar o jogo de Jesualdo não é o que melhor espelha o trabalho do Professor dentro e fora das 4 linhas. Passo desde já a dizer qual é o mérito: Vendemos Pepe e falou-se em holocausto defensivo ... Já repararam que somos uma das defesas mais fortes que se vê por essa Europa fora? Não estou a falar em termos de jogadores ... aliás ... isso é o que torna a situação ainda mais estranha e meritória ... desde a saída de Pepe, já passaram por aquela imaculada linha Pedros Emanueles, Joãos Paulos, Stepanovs, Guardas-Redes suplentes e até Cechs, e mesmo assim há ali qualquer coisa naquela defesa que transmite segurança ... se calhar estou a sobrevalorizar um colectivo e esqueço-me da presença que é o Bruno Alves ... mas não era o Bruno Alves aquele gajo que trincava orelhas e dava cabeçadas em Nunos Gomes? Perdão... esse era o Mike Tyson ... o Bruno Alves lembro-me de ter ouvido falar dele pela 1ª vez num jornal ... dizia qualquer coisa como isto "Jesualdo Ferreira acompanha individualmente Bruno Alves nos treinos e parece recair neste a escolha do tecnico para o proximo jogo...".

Jesualdo Ferreira é um treinador defensivo. É um facto. Assim como é um facto que se o Porto vender o Quaresma e não encontrar um craque que o substitua (sim! porque nós tivemos um valente paio que na transferencia do Deco viesse o Quaresma) vamos ficar na penumbra uns tempos.
Mas isso não me exalta o nervo ... porque o Quaresma ainda é jogador do Porto e da última vez que vi ... as equipas bem sucedidas são aquelas que acentam na coesão defensiva ... Grecia (campeã da Europa), Italia (campeã do Mundo), Milan (campeão de muita m***a).


PS: Olá! Sou o C.Filipe ... tenho 19 anos e gosto de ver voleibol feminino e tenho a mania de usar muitas reticências...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

90+2': Quaresma gela o inferno de Istambul

A esperança esmorecia. Trinta mil almas outrora furiosas faziam já menção de abandonar o Inonu, palco de uma contenda equilibrada entre Besiktas e FC Porto, quando, em cinco meros toques, os Bi-Campeões portugueses expiraram um último fôlego para derrubar à traição um adversário que se havia já conformado com o nulo. Quaresma, herói de muitas batalhas, viu-se abençoado pela fortuna, guiando os Dragões à inestimável recompensa devida àqueles que, visitando o inferno, sobrevivem para contar a história.


A toada das últimas partidas persistiu na noite amena da cosmopolita capital turca, teimando a turma de Jesualdo Ferreira numa abordagem segura e calculista, desta feita sublinhada por cuidados redobrados face a um oponente que faz do factor casa o seu maior aliado. O figurino menteve-se, esquematizando-se o FC Porto em 4-3-3, onde foi evidente a diminuição física de Fucile, regressado de paragem, e Tarik, ainda a cumprir o Ramadão.
Talvez intimidados pela temível atmosfera nas bancadas, os Portistas entraram vacilantes, numa postura que não se dissipou até ao intervalo. Ainda que controlando o jogo, os visitantes concediam inesperadas facilidades nos lances de bola parada, obrigado o guardião Hélton a exibir-se ao mais alto nível a fim de manter as suas redes invioláveis. Do outro lado, era Meireles quem ameaçava com relativo perigo por intermédio de remates de longa distância, carrilando-se todo o jogo ofensivo pelo flanco esquerdo, onde, sozinho, Quaresma lutava contra vários adversários, desapoiado por Fucile e carecendo de soluções de passe face à inércia de Tarik e à desinspiração de Lisandro e Bosingwa. Era um Porto de contra-ataque, à procura de castigar ao máximo os erros do Besiktas tal como sucedera em Moscovo e Hamburgo na campanha anterior da Champions.
O interregno alterou o curso dos acontecimentos. Mesmo sem recorrer a substituições, Jesualdo foi capaz de conferir aos Dragões um pouco mais de acutilância, espraiando definitivamente a contra-ofensiva mediante transições rápidas e venenosas que Meireles, Quaresma e Adriano foram sucessivamente desperdiçando.
Foi já ao cair do pano, depois de novo ameaço turco a que Hélton superiormente correspondeu, que, numa jogada em que o coração pesou tanto como a cabeça, Ricardo Quaresma aproveitou um remate falhado de Lucho Gonzaléz - nova exibição pouco exuberante, ainda que influente, do capitão - para oferecer os primeiros três pontos aos azuis-e-brancos na edição 2007/08 da Liga dos Campeões.

O FC Porto ocupa agora a segunda posição do seu grupo, com dois pontos de atraso para o Marselha e três de avanço sobre o Liverpool. Esta vitória constituiu a terceira consecutiva dos Bi-Campeões fora de portas no âmbito da fase de grupos da Liga Milionária bem como a oitava partida consecutiva sem conceder golos aos seus oponentes.

Onde quer que ele esteja, esta vitória é dedicada a Frederico Barrigana, lendário guarda-redes do Futebol Clube do Porto, falecido há poucos dias. A sua memória pesou certamente na mente de todos os Portistas. Que descanse em paz.