sábado, 3 de fevereiro de 2007

Terceira derrota injusta em quatro jogos

O FC Porto recebeu este sábado no Estádio do Dragão a equipa do Estrela da Amadora. Jogo que, considerando o baixo estatuto do adversário, se apresentava em teoria como ideal para começar uma reviravolta anímica e de resultados - dado que as derrotas recentes com o Atlético e o União de Leiria tinham representando uma quebra no registo vitorioso que o FC Porto vinha marcando desde o início da época. Havia no entanto duas baixas importantes no 11, Pepe e Quaresma, suspensos devido a incidentes disciplinares em Leiria. Isso representava a subida a titulares dos pouco utilizados Ricardo Costa e Vieirinha, quase inevitavelmente enfraquecendo a equipa.

Hélton; Bosingwa, Bruno Alves, Ricardo Costa, Mareque; Paulo Assunção, Raúl Meireles, Lucho; Vieirinha, Lisandro e Postiga - esta a equipa que o FC Porto pôs em campo. Com o Estrela claramente decidido a tapar a iniciativa portista e nada mais, desde cedo que a equipa da casa tomou conta do jogo, ou pelo menos, da posse de bola em zona ofensiva. Mas o ataque portista esbarrava no muro defensivo adversário, e de forma assustadora, os minutos iam passando sem que houvesse praticamente alguma ocasião de golo. Pouco antes da meia hora, era perceptível através da transmissão televisiva que o público do Dragão já assobiava a inoperância portista. E foi por volta dessa altura que surgiu a primeira chance clara de abrir o marcador, contra-ataque com Lisandro a assistir Postiga com um passe a cruzar toda a área, sem que Postiga conseguisse finalizar da melhor forma.

Este lance não teve seguimento, manteve-se o 0-0 até ao intervalo. E os minutos continuavam a passar, já na 2ª parte. Aos 58' Jesualdo desdobrou a equipa num 4-2-4 trocando Meireles por Alan e o extremo brasileiro de imediato criou algum perigo num lance à linha de fundo. Logo de seguida, Lisandro teve finalmente mais uma grande oportunidade para marcar, após grande passe aéreo de Vieirinha, mas finalizou com um passe autêntico a Paulo Lopes.

Não havia maneira de furar o muro amadorense. Jesualdo fez Sokota regressar aos relvados tirando Vieirinha, e já em desespero de causa tirou Mareque por Ibson, transformando a equipa num 3-3-4 à maneira holandesa a 10 minutos do fim. Sempre sem daí tirar quaisquer efeitos práticos, até porque tanto Vieirinha como Mareque, sem estarem a jogar de forma deslumbrante, tentavam desequilibrar. Nos últimos minutos, com a equipa toda balançada para o ataque, Daúto Faquirá correctamente lançou o extremo direito Zamorano em jogo, e começou a criar muito perigo em contra-ataque, aproveitando o buraco deixado no lado esquerdo da defesa portista com saída de Mareque. Primeiro Anselmo apareceu completamente só frente a Hélton, e só não fez golo porque demorou tanto tempo que permitiu um corte. Depois, no outro lado, Postiga finalmente fazia golo, mas seria invalidado devido a fora-de-jogo. Já nos descontos, o Estrela ataca pela ala direita, e Anselmo faz mesmo golo, antecipando-se a Ricardo Costa.

Derrota muito idêntica aos desaires recentes frente ao Atlético e ao Leiria. Porto domina, mas é incapaz de marcar, e o adversário faz o único golo contra a corrente do jogo. A diferença aqui foi que estivemos terrivelmente desinspirados durante toda a partida, dominando toda a posse de bola mas criando apenas 2 ocasiões claras em todo o jogo. A derrota castiga esta apatia portista e premeia a qualidade da estratégia defensiva do Estrela da Amadora, mas dado o Estrela ter abdicado durante 80 minutos de sequer tentar qualquer iniciativa atacante, não me parece justa.

Os danos na tabela classificativa aparentam ser poucos - o Benfica empatou com o Boavista (jogo que os encarnados também dominaram mas criaram tantas oportunidades que o 0-0 final acaba por ser cómico), e, enquanto escrevo este texto, o Sporting encontra-se a perder com o Nacional. Sendo assim, os adversários directos parecem não aproveitar os nossos desaires. Não deixa, no entanto, de ser muito preocupante a quebra de forma portista que parece durar. Espera-se que nos próximos encontros haja uma subida de forma, até porque Pepe, Quaresma, e Anderson, há tanto tempo afastado por lesão, deverão regressar. É que este Porto, a jogar assim, arrisca-se a envergonhar o nome do clube diante do Chelsea na Liga dos Campeões.

Análise individual dos jogadores:

Hélton (6) - Não teve defesas difíceis para fazer, e tinha poucas hipóteses no lance do golo. Esteve bem a jogar com os pés.

Bosingwa (6) - Teve algumas boas iniciativas atacantes a criar perigo.

Bruno Alves (5.5) - Sólido a central, no fim do jogo pediram-lhe que jogasse a lateral esquerdo e aí fez... os possíveis. Fez algumas faltas a mais, e tentou alguns remates que passaram a quilómetros do alvo.

Ricardo Costa (4) - Péssimo. Teve dois "bloqueios mentais" em que demorou a reagir a um passe, oferecendo a bola ao adversário. Deixou Anselmo sozinho na jogada antes do golo, conseguindo ainda ir fazer o corte no último momento graças à demora do atacante. E era ele que estava a (tentar) marcar Anselmo no golo. Considerando a promessa que foi quando era jovem, dá pena ver o actual Ricardo Costa a jogar. E deixa no ar a dúvida se não seria melhor pôr João Paulo no seu lugar.

Mareque (5.5) - Tentava desequilibrar de vez em quando, embora a maior parte das vezes perdesse a bola. Bateu pontapés de canto de forma esquisita, abraçando a bandeirola.

Paulo Assunção (7) - A melhor exibição portista? Com cortes em esforço lá ia corrigindo todo o perigo criado por.. Ricardo Costa.

Raúl Meireles (5) - Pouco interventivo.

Lucho (5) - Sem Quaresma e Anderson, seria de esperar que Lucho fosse o elemento criativo. Não o foi. Esteve muito apagado, sem criar oportunidades nem aparecer a finalizá-las como é costume.

Vieirinha (6) - A anos-luz da produtividade de Quaresma, mas ia fazendo o que podia. Esforçado, fez algumas recuperações de bola e ainda teve um passe genial que pôs Lisandro na cara do golo, pouco antes de ser substituído.

Lisandro (6.5) - O mais inconformado no ataque. Esteve no entanto mal na referida jogada em que foi assistido por Vieirinha, rematando fraco na direcção de Paulo Lopes.

Postiga (5) - Fez faltas, tentou arrancar penaltis (ficam algumas dúvidas num lance com Fonte em que se agarram mutuamente), protestou com o árbitro até ao ponto de ver amarelo, não aproveitou oportunidades, estava sempre em fora-de-jogo. Jogo esforçado mas fraco.

Alan (5.5) - Logo que entrou em jogo criou perigo, mas a seguir desapareceu.

Sokota (4) - Sem ritmo. A bola também não lhe chegou muitas vezes.

Ibson (4.5) - Tentou fazer alguma diferença no jogo, mas não teve tempo.

1 comentário:

João Teixeira disse...

A principal critica que tenho a fazer hoje à equipa e a Jesualdo Ferreira é a notória lição mal estudada. Mesmo sem Quaresma e Anderson, o plantel tem mais que potencial para vencer este jogo (não menosprezando o valor do Est. Amadora). Bolas paradas são um passeio para a equipa adversária. Cruzamentos constantemente mal tirados. Finalizações sem nexo.

Começo por Lucas Mareque. Não foi capaz de transmitir segurança à equipa, quer a defender, quer a atacar. Não me lembro de um lançamento lateral que tenha feito com sucesso, de forma ao companheiro sair com bola controlada. Paulo Assunção e Meireles fizeram sucessivos passes errados. Não se compreende. Hélder Postiga cada vez mais em baixo. Mete-me confusão as tentativas ridículas para ganhar faltas. Deve aprender que não se protesta atirando com a bola ao chão, principalmente quando não se tem razão. Quando é que ele aprende a receber uma bola no peito? O Alan não é opção. Ibson? Começo a cansar-me de tantas oportunidades falhadas. A paciência não dura para sempre. É bom jogador, mas não o demonstra.

De resto não se perdem só 3 pontos. Perde-se a chama, perdida algures no Natal. É bom que retomemos rápido a boa fase porque o jogo com o Chelsea está à porta, tal como Benfica e Sporting. Tudo jogos decisivos. Vamos lá equipa! Ainda nada está perdido!

P.S.: Boa análise noikeee.