sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Reveillon no Funchal

Está na moda. A capital madeirense é, ano após ano, palco de uma das mais maravilhosas celebrações de passagem de ano à escala planetária. Faz, portanto, um pouco mais de sentido a paupérrima prestação do FC Porto na Choupana: os Dragões anteciparam férias para se dedicarem à observação atenta do fogo de artifício alvi-negro.


Não restam dúvidas, Quaresma pesa. Não que o cigano esteja fora de forma, mas, valha a verdade, é ele o suspeito do costume quando, em noites de desinspiração, os azuis-e-brancos se valem do talento individual para resolver contendas aparentemente insolúveis. É ele a pedra basilar, o contrapeso, o grave que tendencialmente desequilibra a balança a favor do Portistas.
As coisas poder-se-ia ter processado de outra forma, não fosse a letargia generalizado ter igualmente contaminado Lucho e Lisandro, o duo dinâmico que tantos golos, assistências e pontos tem valido. Postiga nunca foi alternativa credível ao número 7 e Mariano pouco mais pode oferecer a esta equipa do que uma inquestionável entrega. Louvável, mas insuficiente.
Goradas todas as alternativas, poderia ainda a sorte ter valido ao Bi-Campeão Nacional, proporcionando, quiçá, um golo caído do céu nos derradeiros momentos da partida, razoavelmente justificado pelas duas ou três ocasiões flagrantes desperdiçadas no segundo tempo.
Mas não. Lipatin encarregou-se de desfeitear Helton no único lance de perigo real criado pelo Nacional, fazendo tombar pela primeira vez nesta edição da Liga o gigante que vem domindo o futebol português.

Sete pontos - sete! - de vantagem sobre a concorrência, e, mesmo assim, o Natal terá um travo ligeiramente amargo para os Portistas. Ah, ambição desmedida ...

sábado, 15 de dezembro de 2007

Dá cá mais três!...

... para juntar aos sete de vantagem! E já vão dez!

No último jogo antes do Natal no Estádio do Dragão, quem mandou foram os azuis e brancos. O F.C. Porto conseguiu derrotar o Vitória de Guimarães (3º Classificado na Liga), com uma boa exibição.

Uma vitória algo sofrida, mas justa e com atitude.

Mesmo desperdiçando duas ocasiões flagrantes de golo, ainda conseguiu fazer balançar as redes por outras duas ocasiões. A primeira, com a ajuda de Alá e claro o pé de Tarik. A segunda com a frieza e bravura de Lisandro López.


Um a um:

Helton - Preponderante. Interviu de forma directa no desfecho do jogo, fazendo por mais que uma vez, defesas formidáveis e quase-impossíveis;

Bosingwa - Não fez uma exibição de encher o olho, como pode e sabe fazer.

Cech - Em situações de aperto esteve bem, mas é claramente suplente de Fucile.

Pedro Emanuel e Bruno Alves - Seguros. O primeiro, um Capitão e o segundo, imparável e incansável;

Lucho - Classe. De longe, o jogador portista em melhor forma;

Paulo Assunção - O habitual.

Raul Meireles - Mesmo não estando nos seus dias, assinou uma boa exibição com uma assistência para o primeiro golo.

Quaresma - Não tão decisivo como costuma ser (porque mágico como é conseguiu fazer a bola desaparecer da baliza), mas deu para o gasto. Fica de fora da próxima jornada ao ver o quinto amarelo.

Tarik - Outro que também começa a ser mágico.

Lisandro López - Só precisa de uma oportunidade para facturar. Bravo. Melhor marcador da Liga com 11 golos.

Suplentes:

Mariano - Esforçado, mas quando corre, tem de começar a fazê-lo com critério e de forma eficiente. Para brutalidade a correr, já temos o Bosingwa.

Bolatti - Vai ganhando minutos e experiência. Esteve bem.

Adriano - Procura ganhar a forma de outrora.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Objectivo europeu cumprido

A vitória obtida hoje sobre o Besiktas por 2-0, golos de Lucho e Quaresma, coloca o Porto na próxima fase da Liga dos Campeões e é também suficiente para garantir o primeiro lugar no grupo - estatuto essencial para evitar ter que defrontar um colosso europeu na próxima ronda.

O FC Porto precisava apenas de um empate esta noite no Dragão frente à acessível equipa turca do Besiktas, para chegar ao objectivo mínimo estabelecido para esta campanha europeia na Liga dos Campeões: a qualificação para os oitavos-de-final. Mas como é óbvio entrar a jogar para o empate seria uma mentalidade perigosa - daí Jesualdo Ferreira ter dado instruções aos jogadores para apenas pensarem na vitória, o que a ser alcançada, daria não só a qualificação mas também a vitória no grupo.

Mas ao bom estilo de Jesualdo, jogar para vencer não significa correr riscos desnecessários - o FC Porto entrou em campo com um 11 conservador, basicamente os 11 jogadores que mais têm jogado esta época (excepto Pedro Emanuel que só recentemente regressou aos relvados depois de lesão), e com instruções claras de assegurar o equilíbrio defensivo e só então pensar em atacar. Foi um Porto cauteloso mas a tentar dominar o jogo que se viu no início da partida, tendo maior posse de bola mas sem criar muitas oportunidades de perigo, exceptuando um lance em que um cruzamento encontrou Lisandro na área e este colocou a bola na baliza - mas o lance foi anulado devido a um fora-de-jogo que deixa algumas dúvidas.

Conforme a primeira parte ia passando, o Besiktas cresceu um pouco no jogo e frequentemente conseguia ter a bola no meio-campo portista, graças a uma pressão pouco eficiente da linha composta por Assunção/Lucho/Meireles e apoiada pelo resto da equipa. No entanto, as tentativas da equipa turco de chegar à baliza de Hélton invariavelmente esbarravam na linha defensiva, com Bruno Alves em bom nível.

No final da primeira parte o FC Porto respondeu com uma série de oportunidades claras de golo. Primeiro Bosingwa inventou espaço pelo meio dos defesas até se encontrar em excelente oportunidade para marcar, mas Rustu defendeu. Logo de seguida foi a vez de Tarik voltar a testar a elasticidade do experiente guarda-redes turco, mas este mais uma vez correspondeu com uma excelente defesa. E já à beira do intervalo, uma jogada de insistência após um canto abriu o marcador: Meireles à entrada da área tentou rematar, mas saiu um balão em rosca, a bola chegou a Tarik, e este entregou-a a Lucho que fez o 1-0 - perante a passividade da defesa turca, sobretudo Rustu, que desistiu completamente do lance para reclamar um suposto fora-de-jogo, inexistente. Atitude estranha dum jogador com tanto historial de futebol europeu, e manchando o que vinha sendo uma excelente exibição.

Este golo tinha o potencial para dar uma muito maior tranquilidade ao FC Porto, mas o início da 2ª parte coincidiu com o melhor período do Besiktas: primeiro Hélton foi obrigado a efectuar uma defesa ao remate de Serdar Ozkan, depois na sequência de um canto Cissé falhou o alvo. Estes dois lances podiam ter alterado a história do jogo mas tal não aconteceu e a partir daqui sim, o FC Porto ganhou a tal tranquilidade proveniente de se encontrar em vantagem. E ao minuto 62, Lisandro descobriu um "avenida" para Quaresma, que não teve qualquer dificuldade em fazer o 2-0. A partir daqui o jogo praticamente não teve história, pouco mais se passou, apesar de após algumas substituições de parte a parte, o Besiktas ainda ter conseguido criar uma oportunidade de perigo num lance de bola parada, com o recém-entrado Cech a deixar a bola passar bastante perto da baliza para não ceder canto.

No final, vitória justa e completamente natural da melhor equipa, a equipa mais segura das suas capacidades, sem que no entanto tenha criado um volume de jogo que esmagasse o seu adversário. O mais importante de tudo são as consequências do resultado - Porto apurado em 1º do grupo, o que representa uma vantagem teórica. É certo que qualquer equipa que consiga estar num lote das 16 melhores da Europa é sempre um adversário complicado, mas olhando para os apurados até agora, certamente que escolher entre Schalke, Olympiakos e Celtic é muito mais apetecível que escolher entre Chelsea, Real Madrid e Milan...

A nível individual, destaque para Bosingwa, fenomenal a atacar e muito sólido a defender, apontando-se apenas um ou outro passe errado que fizeram lembrar outros tempos de um Bosingwa muito mais enervante para o adepto portista. Tarik continua numa forma espectacular, muito acima do que se pensava que o marroquino alguma vez poderia render. Lisandro também continua a fazer a melhor época desde que chegou a Portugal, isso é evidente no nº de bolas que recupera (mais que certos médios...), e no facto de a equipa insistir constantemente em lhe tentar fornecer bolas - toda a gente tem confiança no argentino. Bruno Alves, apesar de ter o experiente Pedro Emanuel ao seu lado, também vai fazendo por manter o estatuto de líder da defesa.

Uma pequena nota duma opinião pessoal: vou estar particularmente atento ao jogo em que Jesualdo se decidir a colocar o médio Mario Bolatti como titular. Parece-me que temos ali um jogador de grande classe por explorar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Fechando com Chaves de ouro

Na ressaca de um autoritário triunfo na Luz, o FC Porto pôs término a um crucial ciclo - três desafios fora de portas em pouco mais de uma semana - em Trás-Os-Montes, onde o Desportivo de Chaves não apresentou argumentos para superar maior experiência e qualidade dos azuis-e-brancos. As finalizações certeiras de Postiga e Adriano ditaram leis no regresso de uma cidade histórica à rota das grandes noites do futebol português.


Fiel à lógica de rotação do plantel nas partidas de menor importância, Jesualdo Ferreira estruturou a equipa num falso 4-4-2, com Leandro Lima a cair amiúde nos flancos e Postiga a assumir a função de organizador de jogo. Adriano assumiu a titularidade face à ausência de Farías, Mariano substituiu directamente Ricardo Quaresma e a dupla de trincos teve desta vez por intérpretes Bolatti e Kaz. Na defesa, Pedro Emanuel e Fucile, únicos sobreviventes da contenda do passado fim-de-semana, contaram com a companhia de João Paulo e Lino, sendo que Hélton cedeu o seu lugar na baliza a Nuno Espírito Santo.
Galvanizados por uma moldura humana que há quase uma década não se vislumbrava em terras do Alto Tâmega, os flavienses entraram determinados a causar surpresa, protagonizando a primeira oportunidade logo a abrir, mediante um lance estudado que fez o esférico embater no poste da baliza portuense. A réplica tardou e surgiu apenas a meio do primeiro tempo, já depois de os Bi-Campeões Nacionais terem tomado as rédeas da partida; Leandro Lima, de bola parada, deu o mote para uma sequência de jogadas perigosas desperdiçadas sucessivamente por Postiga, Mariano e Adriano.
Já com a superioridade bem vincada, os Dragões viram os Chaves ameaçar novamente após o reatamento, mas viriam a sentenciar a partida aos 53', quando Hélder Postiga correspondeu implacavelmente à assistência de cabeça de Kazmieczak para desfeitar o guardião Rêgo e somar o seu segundo tento da temporada.
A resistência flaviense vergou então. O aguerrido conjunto anfitreão, líder da 2ª Divisão B Zona Norte, pagou a factura do esforço dispendido ao procurar implementar marcações homem-a-homem a toda a largura do relvado, sucumbindo à pressão Portista, reforçada pelas entradas dos craques Lucho e Lisandro. Foi o número 8 o responsável pelo cruzamento que, já ao cair do pano, permitiu a Adriano assinar pela primeira ocasião nesta temporada a folha de goleadores, selando o incontestável triunfo do FC Porto, o primeiro de Jesualdo Ferreira em jogos a eliminar desde que assumiu os destinos do Clube.

Ciclo que se fecha, ciclo que se abre. Seguem-se dois importantes desafios em casa, ante Besiktas - empate basta para seguir em frente na Champions - e Vitória de Guimarães, terceiro classificado da Liga Portuguesa.

sábado, 1 de dezembro de 2007

No reino da águia, foi o dragão a voar mais alto

Depois do descalabro em Liverpool na quarta-feira, o FC Porto venceu o Benfica no Estádio da Luz por 1-0. Uma vitória que deixa os encarnados a 7 pontos de distância e que serviu para fazer as pazes com os adeptos.
Foi a 3ª vitória do FC Porto em 6 anos no Estádio da Luz.



Depois da mini-revolução operada em Liverpool por Jesualdo Ferreira, o FC Porto mudou quatro peças ao xadrez que saiu humilhado da cidade dos Beatles. Entraram Pedro Emanuel, Fucile, Meireles e Tarik para os lugares de Stepanov, Cech, Kazmierckaz e Mariano González, respectivamente. Quanto ao Benfica, o mesmo onze que empatou com o campeão europeu a meio da semana. O Benfica estava a 4 pontos do líder, à partida para esta jornada, e precisava de ganhar para se aproximar ainda mais do bi-campeão nacional.

O jogo começou com o Benfica a querer tomar conta do jogo e a chegar perto da baliza defendida por Hélton. Paulo Assunção, Raúl Meireles e Lucho González não acertavam com as marcações e davam espaço à equipa do Benfica. Contudo, o FC Porto ia melhorando e crescendo no jogo à medida que o tempo passava e aos 13 minutos ficou por marcar uma grande penalidade por falta de David Luz sobre Lisandro López. E a verdade é que a partir desse lance e até ao fim do primeiro tempo, pouco ou nada mais se viu do Benfica. Quanto ao Porto, duas excelentes oportunidades, a primeira num remate de Tarik Sektioui que passou muito perto do poste e a segunda por Lisandro López, aos 41 minutos, que sozinho na cara de Quim rematou fraco para defesa do número 12 encarnado. Mas apenas um minuto volvido, Ricardo Quaresma embalou para a grande área após passe de Lucho González, fintou David Luiz e perante a saída de Quim, fez a famosa trivela e colocou os azuis-e-brancos em vantagem no marcador. Um momento de magia do Harry Potter a gelar o Estádio da Luz. Pouco depois, chegou o intervalo com o Porto (justamente) na frente.

Para a segunda parte, uma mudança de atitude por parte da equipa do Benfica que criou logo uma situação de perigo. Nuno Gomes apareceu na cara de Hélton que com uma bela defesa lhe negou o golo do empate. Depois desse lance, remates sem grande perigo para ambas as balizas e pouco mais. Até que aos 64 minutos, numa jogada de contra-ataque, Lisandro López cruza para Quaresma que remata ao lado da baliza de Quim, Boa oportunidade para o Porto a anteceder uma autêntica dança nos bancos com muitas substituições. Jesualdo Ferreira reforçava o meio-campo e refrescava o ataque enquanto que Jose Antonio Camacho colocava novas armas ofensivas. E foi uma dessas armas, Freddy Adu, que voltou a colocar à prova os reflexos de Hélton com um remate à entrada da área. Grande defesa do brasileiro. O FC Porto limitou-se a gerir até final perante as tentativas frustadas do Benfica de chegar ao empate.

O FC Porto venceu na Luz de forma justa e deixou os rivais a 7 pontos. Foi uma excelente resposta dos comandados de Jesualdo Ferreira à humilhante derrota em Anfield Road para a UEFA Champions League. Agora, segue-se o Chaves para a Taça de Portugal.

MVP:

Ricardo Quaresma-> Pelo golo e por ter sido o melhor elemento portista. Reapareceu em excelente altura, com um golo fantástico a dar uma importante vitória na casa do segundo classificado. Teve ainda mais remates perigosos e uma panóplia de boas jogadas que deixaram a defesa do Benfica em maus lençóis. Como o Porto precisa do Harry Potter em grande forma nesta fase da época...