segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Quando a bola não entra...

Quando a bola não entra, o treinador é o culpado. Quando a bola não entra, o sistema de jogo não foi o mais eficaz. Quando a bola não entra, a culpa é da equipa de arbitragem. Quando a bola não entra, o adversário foi maduro a defender.

Por causa de uma semana insuportável não fui capaz de escrever este artigo mais cedo, como tal não irei fazer um resumo da partida mas, sim, dissecar alguns pontos.

O treinador é o culpado?

Sabemos que no futebol a culpa nunca morre solteira e geralmente é transferida para todos os elementos do grupo, mas a posição de destaque de alguns elementos permite-nos avaliar a sua actuação, entre eles estará sempre o treinador. Neste caso, não tenho problemas em afirmar que Jesualdo errou. Resolveu entrar em campo com um quarteto médio sem que a equipa tivesse rotinada nesse sistema, com dois elementos adaptados a posições que conhecem muito pouco: Cech e Quaresma. Para piorar a situação, o eslovaco, tem feito a pior época desde que está no Dragão - sempre desconcentrado, defendendo mal e não conseguindo fazer jogar (a capacidade de passe levou-o para o meio-campo, com Co Adriaanse, sem ela perde toda a utilidade nessa posição).

Jesualdo Ferreira não viu isto, como não viu que em Janeiro tinha o Sporting como adversário ou então não pensou na possibilidade de perder Tarik. Se tinha pretensões de jogar contra os Leões com um meio-campo de 4 elementos, não se percebe a saída de Leandro Lima - que seria útil como vértice mais avançado deste losango. Não se percebe da utilidade de Kazmierczak (jogadores defendido por mim, nas contratações de início de época), é um péssimo interior, por não conseguir sair a jogar, mas é um excelente trinco - por esses motivos parece-me a mais no Porto, que continua a não ter um 10 capaz de pegar no jogo e a depender unicamente de Lucho e Meireles para essas funções. Tem Rabiola, como tinha Leandro Lima – no “vamos ver…”.

A culpa de Jesualdo morre aqui e surge o seu mérito, que existe, apesar da derrota. Após os 2-0, a equipa teve 25 minutos de autêntico desnorte, com sucessivos passes longos e tentativas inúteis de praticar um futebol britânico - o meio-campo deixou de tentar receber a bola e a defenda ocupou lugar de destaque nos lançamentos longos. Neste período, o Porto só criou uma oportunidade e de bola-parada (aos 28 com o cabeceamento de Lisandro). Após o intervalo algo mudou, Jesualdo reparou no erro que fez e retira Marek Cech e após uma longa conversa no balneário (acredito eu) a postura da equipa mudou e voltou com outro espírito - acreditando no futebol mais apoiado -, regressando ao Porto dos primeiro minutos. De nada serviu, mas as ideias estiveram lá e o Professor mostrou que a equipa pode ter determinação para mudar resultados e que o jogo com o Sporting não é uma fase de menor rendimento, dando perspectivas para a continuação de um campeonato seguro e de uma participação honrosa nas competições europeias.

O sistema de jogo não foi o mais eficaz?

Verdade. É o único argumento que merece a minha aprovação. «Dá-me o meio-campo, que eu ganho o jogo», se é verdadeira esta afirmação, todo resto não é necessariamente falso, isto é, para ganharmos o jogo não é necessário que se tenha mais elementos em detrimento de outras zonas do terreno e muito menos quando uma equipa joga um futebol directo - como é o caso do Porto. É necessário, sim, que se actue noutras zonas e com 3 elementos o Porto podia ter explorado isso (como prova a segunda parte), usando a melhor forma de combater o Losango médio do Sporting - um centro do meio-campo para uma circulação de bola com objectivos de a jogar para as faixas.

Com o meio-campo de 4 elementos, os Dragões, nunca conseguiram ter coerência. Faltou apoio ao lateral, como se viu no segundo golo dos lisboetas, e capacidade de criar espaços com um jogador de vértice ofensivo - tipicamente deambulador, forte no um-para-um.

A culpa é da equipa de arbitragem?

Além dos expressivos 2 a 0, a actuação dos assistentes e do árbitro não foi prejudicial. Este argumento não invalida a má actuação do árbitro, como é típico por esse mundo fora, amarelos desnecessário e amarelos que ficaram por dar - que contribui sucessivamente para a manutenção de maus jogadores em clubes de topo e de maus jogos de futebol.

O que tem de prejudicial dar um vermelho, quando o único objectivo do agressor é matar a jogada? Alguém, em algum dia, me irá explicar...

O adversário foi maduro a defender?

De acordo com a imprensa, pouco conhecedora de futebol e às vezes demasiado atenta à estatística simplista, a defesa sportinguista foi o elemento mais forte da equipa. Nada mais do que uma mentira grande e gorda. Os latifúndios do futebol moderno, foram os espaços reduzidos de ontem, mas para os jogadores do Sporting os latifúndios foram os latifúndios tal foram os espaços concedidos na área e conto 7 oportunidades nessa zona (1º, 9º, 54º, 57º, 58º, 66º e 82º minuto) sem contar com o golo, em off-side, de Lisandro.

A competência (mérito pelo vitória) deve ser dada a quem merece: à determinação dos jogadores da casa e ao perceberem, desde cedo, que tinham bloquear as alas.

Conclusão:
Estes pontos têm como objectivo debater os temas que surgiram ao longo da semana e desmistificar alguns temas que são recorrentes, especialmente, na imprensa e na opinião de muita gente influenciada por esta. Debater alguns temas, criticando e analisando o jogo…

sábado, 19 de janeiro de 2008

Farás muito jeito, Ernesto.

7 meses depois de o FC Porto ter vencido o Desportivo das Aves por 4-1 no jogo do título (para o FC Porto) e da despromoção (para o Aves), novo embate entre estas duas equipas desta vez a contar para a Quinta Eliminatória da Taça de Portugal. Apesar da vitória em Chaves, frente ao Desportivo local, o fantasma Atlético ainda não tinha desaparecido mas a equipa fez questão de o afastar de vez ao vencer a equipa de Henrique Nunes por 2-0.

Nuno; Lino, Stepanov, João Paulo, Fucile; Bolatti, Kaz, Lucho; Mariano, Farías e Adriano. Foi este o onze escolhido para a recepção ao Aves. Um onze "revolucionário", já que destes 11 jogadores, apenas 2 (Lucho e Adriano) foram titulares frente ao Braga há uma semana atrás. E talvez por isso, foi o Aves a entrar melhor no jogo, aproveitando a lentidão e a falta de entrosamento dos jogadores do FC Porto. Aos 13 minutos, os visitantes poderiam ter chegado ao golo através de Mércio que surgiu de rompante a cabecear ao lado da baliza à guarda de Nuno.
A partir deste lance, o Porto despertou e partiu para cima do adversário, criando boas jogadas de entendimento que se perderam na hora do remate. Estava decorrida meia-hora de jogo quando Lino cobra um livre da direita para a entrada de cabeça de Ernesto Farías que assim, voltou a marcar e a descansar os adeptos e dirigentes em relação aos 4 milhões de euros pagos ao River Plate pelo passe deste avançado argentino de 27 anos. Até ao intervalo mais alguns remates dos azuis-e-brancos mas nenhum tipo de reacção por parte do Desportivo das Aves.

No regresso para a segunda metade do jogo, o FC Porto entrou disposto a dilatar a vantagem e a afastar as dúvidas em relação ao resultado. Uma boa oportunidade por parte de Farías e uma escorregadela de Kaz quando estava sozinho perante Rafael. O Aves continuava sem conseguir impôr o seu jogo e assustar o dragão. Só aos 75 minutos, Pascal colocou Nuno à prova. No minuto seguinte, Mario Bolatti (bela exibição) aparece na cara de Rafael mas não consegue dar a machadada final no jogo e Farías, 4 minutos depois, não consegue dar bom seguimento a um cruzamento primoroso de Ricardo Quaresma. E seria o próprio Ricardo Quaresma a fazer o segundo do Porto já em cima do apito final. Lisandro faz o passe para Quaresma que entra pela área e faz o golo calando os adeptos que insistem em assobiar um dos seus jogadores mais valiosos.

O jogo terminou e Jesualdo Ferreira viu a sua equipa carimbar a passagem à Sexta Eliminatória da Taça de Portugal com uma exibição nada deslumbrante mas suficiente para derrotar um adversário que pouco ou nada incomodou. 20 319 adeptos foram ao Estádio do Dragão, naquela que foi a segunda pior assitência de sempre do Dragão.

MVP:

Ernesto Farías-> Um golo, três boas oportunidades e vários pormenores de classe, nomeadamente algumas combinações com companheiros de equipa. Fez o segundo golo em outros tantos jogos e mostrou a todos que está aí para atacar a titularidade e para ajudar o FC Porto no que falta da época. Mais uma prova de que com tempo e oportunidades, os jogadores podem vingar e mais uma lição para os contestatários que adoram assobiar e dizer mal à primeira oportunidade.

domingo, 13 de janeiro de 2008

11!



11! São estes os pontos de avanço que o F.C.Porto leva para o 2º classificado, depois de uma bela exibição, coroada com 4 golos e uma boa dose de classe.


Jesualdo apostou na estrutura habitual do seu modelo predilecto,com a equipa que tem vindo a jogar regularmente, exceptuando-se apenas a inclusão de Adriano no lugar de Tarik, que seguiu para a CAN. Na verdade, esta pequena alteração parecia indicar que a equipa jogaria com Adriano fixo no meio e Lisandro como extremo. Na verdade, isto não ocorreu. Lisandro apareceu com muita liberdade, vagabundeando por todos as zonas do ataque, assim como Quaresma que apareceu muito solto tanto no meio como em zonas exteriores. Meireles e Lucho apareceram, igualmente muito mais em tarefas ofensivas, tanto na zona de finalização como descaindo nas faixas. Bosingwa, como vem sendo habitual, fez todo o corredor direito. No meio deste carrossel de jogadores e de trocas posicionais, Adriano foi, claramente o elo mais fraco, parecendo um pouco perdido e sem a forma física que lhe permitisse estar ao nível dos companheiros.

O Porto entrou muito forte, determinado a rectificar a exibição de reis contra naval, e logo aos 4 minutos, depois de uma infantilidade de Miguelito, Bosingwa arranca pela direita e cruza para o 12º golo de Lisandro. Boa antecipação a Paulo Santos e a Paulo Jorge.
Aos 10 minutos, novo golo. Desta vez, foi Lucho a cruzar para entrada de área com Raul Meireles a corresponder de cabeça. Clarividência e visão de jogo caracterizam bem a qualidade desta jogada. O Braga parecia desnorteado, sobretudo no lado esquerdo da sua defesa, e Manuel Machado emendou a sua aposta inicial, ao trocar César Peixoto por Carlos Fernandes. Com isto fez recuar Miguelito para defesa esquerdo, que até aqui tinha como principal função marcar Bosingwa. Em teoria poderia surtir efeito mas logo se notou o seu mau ensaio.
Como é apanágio do Porto de Jesualdo, a equipa (a ganhar por dois) limitou-se a gerir o resultado, baixando as suas linhas, criando perigo esporádico com as suas, já famosas, transições rápidas.

Na 2ºa parte, a equipa do Braga entrou mais determinada a sair do Dragão com outra imagem, chegando a criar perigo com um bom apontamento de Rolando Linz. Por seu turno, o Porto sem forçar, no seu estilo mais calculista, não deixava de criar oportunidades. Aos 63 minutos, Lucho atira ao poste depois de uma boa jogada de Lisandro sobre a esquerda.
Surge então a 1ª substituição no Porto: sai o apagado Adriano para a entrada da incógnita Farias. Tardou a mostrar a sua qualidade, mas o certo é que ontem entrou, completamente, transfigurado. Logo no 1º lance que protagoniza, recebe a bola dentro de área e oferece mais um golo a Lisandro. A seguir mais uma assistência de peito, mal invalidada, e finalmente, o golo! Com um remate em arco bem colocado, à entrada de área. Grandes 10 minutos deste jogador, que vêm certamente dar-lhe outra confiança e que fazem dele uma alternativa válida para o onze.

É, portanto, com grande segurança que Jesualdo encara agora o resto do campeonato, se pensarmos no avanço alcançado e na inexistente concorrência a nível nacional. Perante isto, todos os portistas têm de estar confiantes em mais um brilharete na Europa. Não podemos esquecer, contudo, que existem carências no plantel. Apesar do aplaudido regresso de Hélder Barbosa, Lucho e Meireles estão "proibidos" de não jogar.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sofrimento Naval

O FC Porto alcançou a 12ª vitória da época frente à Naval 1º de Maio depois do desaire na Madeira frente ao Nacional a 21 de Dezembro e depois do interregno natalício. Uma exibição sofrível mas ainda asssim, suficiente para garantir mais 3 pontos na caminhada rumo ao tri e para aumentar a vantagem para os principais rivais que perderam pontos nesta jornada.


Para a recepção à Naval, Jesualdo Ferreira fez 3 alterações face ao onze que alinhou na Madeira. A saída de Fucile para a entrada de Marek Cech, a saída de Postiga para a entrada de Tarik e a saída de Mariano González para a entrada de Ricardo Quaresma. É verdade que Tarik e Quaresma fizeram falta nesse jogo mas não deixa de ser verdade que mesmo com estes dois jogadores em campo, a exibição de ontem não foi muito melhor do que a realizada na Madeira. E cedo se começou a perceber que este Porto estava a falhar mais do que o normal. Os passes não saíam, a Naval tinha espaço para atacar e até Quaresma e Lucho falhavam as tentativas de desequilibrar.
Na primeira parte, o FC Porto teve algumas oportunidades, principalmente através de remates de fora da área. Mas a melhor oportunidade da primeira parte surgiu à meia hora com Lisandro a rematar ao lado da baliza da Naval após bom cruzamento de Ricardo Quaresma. Até ao intervalo, apenas mais um lance a merecer destaque. Cruzamento-remate de Marek Cech que Taborda defende em cima da linha de golo.

Para a segunda parte, apenas uma alteração na equipa da Naval mas uma atitude algo diferente das duas equipas. O Porto parecia entrar decidido a ganhar o jogo (finalmente!) e a Naval já não estava tão pressionante como na primeira parte. Aos 56 minutos, José Bosingwa assiste Lisandro que remata contra o corpo de um defensor da Naval. Um minuto volvido e Ricardo Quaresma volta a rematar perto da baliza defendida por Taborda. E eis que aos 59, Lisandro López consegue ganhar a Taborda uma bola na qual só ele acreditou e passou a Paulo Assunção que, por sua vez, assistiu Raúl Meireles para o primeiro do Porto. O número 16 do FC Porto coroou da melhor maneira o seu jogo número 100 na primeira liga portuguesa.
A partir daí e até final, alguns sustos para os cerca de 33200 portistas que se deslocaram ao Estádio do Dragão. Aos 78 minutos, Hélton defende a dois tempos um cabeceamento de Diego e aos 85 minutos, a bola bate na barra da baliza de Hélton após remate de longe do lateral navalista, Mário Sérgio.

Pouco tempo depois, Paulo Pereira apitou pela última vez e os azuis-e-brancos respiraram de alívio após uma importante vitória que deixa Benfica e Sporting a 9 e 12 pontos, respectivamente. Foi, no entanto, uma exibição muito pobre que deve ser melhorada nos próximos jogos que também são de capital importância.

MVP:

Paulo Assunção-> É verdade que foi Meireles a decidir o jogo mas já é altura de dar o devido destaque às exibições desta "formiga" incansável que impede os adversários de criar perigo e que inicia os movimentos ofensivos dos portistas. Ontem esteve bem até nas jogadas individuais e teve altruísmo suficiente para assistir Raúl Meireles no alnce do golo dos dragões. É daqueles jogadores que muitas vezes passam despercebidos mas cujo trabalho é preponderante.