quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pacto de não-agressão

O Porto iniciaria a Champions deste ano com um enorme peso, o de não vencer o jogo inaugural há 4 épocas (três últimos em casa). Já os reds tentavam o vencer pela primeira vez uma equipa portuguesa no actual formato da Liga dos Campeões e ganhar na invicta, algo que nenhuma equipa inglesa tinha conseguido quando o adversário se veste de azul e branco. Para isso, o Liverpool entraria com Pepe Reina; Arbeloa, Finnan, Hyypia e Carragher; Mascherano, Gerrard, Pennant e Ryan Babel; Torres e Kuyt. Por sua vez, os Dragões jogariam com a mesma equipa da última jornada do campeonato, à excepção de Fucile que entrava no lugar de Marek Cech.

Que o jogo foi pobre, qualquer adepto que saiu do Dragão não terá dúvidas, mas se se perguntar, se elas existem quanto à capacidade das equipas para darem mais, essas assaltam-nos a mente. De tal forma que, aquele que deve ser o primeiro objectivo de um onze quando entra em campo passou ser o segundo ou o terceiro. Um Liverpool que fez com que Shankly e Paisley se revirassem na tumba, tal foi a forma catenacciana de jogar. Já o Porto que pouca velocidade mostrou, foi quase sempre incapaz de transpor as duas linhas defensivas do Liverpool e a situação até piorou (inexplicavelmente) quando se viu em superioridade numérica.

Na etapa inaugural, o clube da invicta entraria determinado a fazer rapidamente o primeiro tento na partida, resultando num remate perigoso de Lisandro, após uma intercepção de bola de Ricardo Quaresma e mais tarde na efectivação dessa vontade por Lucho de grande penalidade, sofrida por Tarik Sektioiu. O domínio era tal que oito minutos feitos de jogo a vantagem justificava-se, mesmo assim, após erro defensivo, o Liverpool chegaria ao empate. Após o golo inglês, ficariam a faltar 30 minutos para o intervalo, mas os dragões seriam incapaz de responder - não por falta de bola, mas por incapacidade de a fazer jogável, tal era o nervosismo na troca e a inutilidade da lateral. Neste período destacavam-se pela negativa os 4 elementos das alas, em especial os portugueses Bosingwa e Quaresma.

A segunda-parte recomeçaria sem nenhuma alteração do lado portista e a equipa voltava desejosa da vitória, mas seria de pouca dura. A expulsão de Pennant, após duplo-amarelo, condicionaria os reds e, inexplicavelmente, o Futebol Clube do Porto. A segurança foi tal que os jogadores portistas não sentiram necessidade de garantir a vitória - já que o empate estaria afiançado - e de um momento para o outro as duas equipas fizeram um pacto de não-agressão. Se esta posição seria compreensível do lado inglês, já do português é enigmático.

O jogo seguiria para o fim e o má qualidade acentuava-se, especialmente após as trocas feitas por Jesualdo - se a entrada de Mariano González se compreende, já a sua colocação no meio-campo é incompreensível, tão incompreensível como ter Ernesto Farías como única opção no banco e não se percebe como o Porto (satisfeito, certamente) acabou o jogo só com duas substituições e que Kazmierczak não tenha entrado, após sucessivos cantos e livres.

Como argumento dos jogadores e do treinador, temos o empate e uma forma mais ou menos idiota, que se esconde no pragmatismo, de olhar para este resultado - é certo que não põe em causa a qualificação e que a equipa empatou com o principal candidato ao primeiro lugar do grupo, mas não será igualmente certo que, no ano passado quando encontramos o Chelsea arrependemo-nos de ter empatado com o Arsenal e com o Chelsea, não é verdade que a eliminatória se podia ter decidido no Dragão?!

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom texto Pedro.
A meio da semana é-me absolutamente impossível ir ao Dragão e mesmo ao fim de semana é muito complicado.
Apesar do Fucile ter cumprido, achei que o Marek devia ter tido uma hipótese pelo que fez contra o Marítimo.
Resultado bom na teoria, mas injusto pela forma como decorreu a partida.